Como prometido, seguindo o tópico sobre o tema gØy na literatura científica, me pronuncio sobre o artigo
"Identidades Sexuais Masculinas do Novo Milênio e os Novos Desafios
Provocados pela Homoafetividade e a Visão Baseada na Filosofia Comportamental g0y" é um artigo científico/acadêmico fruto de longo anos de estudos e aprofundamentos e que a julgar pela própria origem de seus autores, abarca uma visão multidisciplinar que envolve a Sociologia, a Biologia, a Psicologia, a área de Saúde, a Educação e a Filosofia, sendo um dos trabalhos mais completos sobre o tema.
Com a visão interdisciplinar em foco, o artigo argumenta sobre a necessidade de uma atualização do material científico acerca da sexualidade, para captar a uma nova definição de gênero - o Homoafetivo: Que é diferente e não necessariamente Homossexual.
O conceito de homoafetivo é mais amplo e mais abrangente que o conceito de homossexual ou gay, tal como se concebe atualmente. Ao longo do trabalho é possível perceber, que a atração entre dois homens pode ocorrer no mínimo em três níveis, o afetivo, o erótico e o sexual.
O g0y (seja heterogoy ou g0y homoafetivo puro) com a sua interface homo erótica e afetiva, mas não sexual, diferencia-se de outros conceitos já referenciados, conforme a tabela a seguir:
O conceito de homoafetivo é mais amplo e mais abrangente que o conceito de homossexual ou gay, tal como se concebe atualmente. Ao longo do trabalho é possível perceber, que a atração entre dois homens pode ocorrer no mínimo em três níveis, o afetivo, o erótico e o sexual.
Para
os autores ao tratar o termo gay (que retrata um comportamento), como
se fosse uma identidade de gênero, recai-se em lacuna relacionada com
uma limitação conceitual e epistemológica da abordagem da sexualidade,
especialmente a masculina, que ainda é vista de forma dicotômica: hétero
versus gay.
O homossexual, tão comentado e estudado, é apenas uma ponta de um iceberg de um mundo ainda não abordado a contento, mas com certeza muito mais profundo e dinâmico. O conceito de g0y (g-zero-y) abarca as zonas do erotismo e do afeto.
Do ponto que provoca a sua legitimidade conceitual ou não, a questão central é discutir que nem toda
homo afetividade é homossexualidade e nem toda atração entre homens é
necessariamente um traço homossexual, no que diz respeito as suas
práticas.
O mundo gØy abre um mundo conceitual não polarizado e um
cenário de interseção que aponta que a homo afetivdade e a heterossexualidade como não incompatíveis, abrindo dessa forma um contexto mais rico e mais complexo para vivência e investigação do universo masculino, não polarizado. Para facilitar o entendimento desse mundo mais complexo, tomei a liberdade de fazer a figura acima, ilustrando essas possibilidades conceituais de uma forma mais visual.
Além do artigo, houve um grande debate acerca do tema. O debate democrático e acadêmico foi promovido durante o V Coloquio Internacional de Estudios sobre Varones Y Masculinidades na mesa redonda de nº 18, mesa que para comportar um público maior, foi realizada no auditório Pedro Ortiz da FACSO (Facultad de Ciencias Sociales) na Universidad de Chile que sediava o evento; havendo transmissão ao vivo também pela internet. A mesa redonda teve como mediador o Dr. Hernando Moñoz - da Colômbia, como expositor Dr. Pedro M. Roma Castro, da Universidade de São Paulo, Brasil e também o Dr. José Olavarría (Chile) e Dra. Cristina Veríssimo (Portugal) compondo a mesa.
Além do artigo, houve um grande debate acerca do tema. O debate democrático e acadêmico foi promovido durante o V Coloquio Internacional de Estudios sobre Varones Y Masculinidades na mesa redonda de nº 18, mesa que para comportar um público maior, foi realizada no auditório Pedro Ortiz da FACSO (Facultad de Ciencias Sociales) na Universidad de Chile que sediava o evento; havendo transmissão ao vivo também pela internet. A mesa redonda teve como mediador o Dr. Hernando Moñoz - da Colômbia, como expositor Dr. Pedro M. Roma Castro, da Universidade de São Paulo, Brasil e também o Dr. José Olavarría (Chile) e Dra. Cristina Veríssimo (Portugal) compondo a mesa.
O g0y (seja heterogoy ou g0y homoafetivo puro) com a sua interface homo erótica e afetiva, mas não sexual, diferencia-se de outros conceitos já referenciados, conforme a tabela a seguir:
Tabela comparativa
|
Bissexual
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Gouine
|
GØy
|
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1 - Sexo
masculino;
|
Não necessariamente
|
Não necessariamente
|
SIM
|
|
2 –
Atração por pessoas do mesmo gênero;
|
SIM
|
SIM
|
SIM
|
|
3 –
Praticam masturbação mútua; Frottage (fricção genital); felação;
abraçam-se, beijam-se, etc;
|
SIM
|
SIM
|
SIM
|
|
4-
Consideram-se como pertencentes ao movimento LGBT;
|
|
SIM
|
NÃO
|
|
|
Não necessariamente
|
SIM
|
NÃO
|
|
6 –
Identifica-se com a cultura Hétero;
|
SIM
|
Não necessariamente
|
SIM
|
|
7 –
Afinidade com a postura afeminada;
|
Não, na maioria das vezes
|
Sim, na maioria das
vezes
|
NÃO
|
|
8 –
Preferência pela postura e aparência
masculina;
|
Não necessariamente
|
Não necessariamente
|
SIM
|
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9 -
Praticam sexo com mulheres
|
SIM
|
NÃO
|
SIM, na maioria das
vezes
|
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10 –
Praticam o ato anal com homens
|
SIM
|
NÃO
|
NÃO
|
Tabela comparativa de atributos e respectivas convergências e divergências entre outras vertentes próximas ao comportamento g-zero-y.
Fonte: Almeida Neto et. al. (2015).
Nessa mesma linha dos pressupostos do movimento g0y, há
muitos anos Michel Foucault já criticava a ideia de que a
homossexualidade masculina pudesse ser interpretada como uma “constante
antropológica” e que insiste em focar o fato de uma permanência onde não
há permanência ao longo dos séculos do que nós, enquanto sociedade, designamos
por esse termo – termo que na verdade representa a junção de dois outros
termos: homo e sexual, e não algo mais amplo como homo afetividade por exemplo.
Praticamente dois mil anos passados, no que se refere a essa fusão, os g0ys parecem querer provocar uma contra revolta cultural e de costumes vigentes até então; mas, ao mesmo tempo mantendo um ponto enquanto denominador comum. Na cultura ocidental atual, certamente continua hegemônica a concepção de que o mínimo esperado de um homem heterossexual é que o mesmo possua uma total aversão às práticas anais, especialmente àquelas que o confundam com algum papel penetrativo vinculado, subjetivamente, às fêmeas. Não à toa, o movimento g0y internacional foi um movimento primordialmente promovido e provocado originalmente por heterossexuais, entretanto não pode-se deixar de frisar heterossexuais um pouco diferentes, não héteros normativos, visualizados como libertários e muito liberais considerando-se a cultura heterossexual vigente.
Esse trecho foi retirado da página 10 do artigo. Para quem é estudante, pesquisador ou entusiasta do tema recomenda-se o download do trabalho na íntegra, que pode ser feito nesse link ou no site do evento.
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