Segue a minha resposta a esse questionamento de um doutor em Antropologia.
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Essa foi a participação do Dr. e Antropólogo Paulo Aguiar ocorreu diante do texto "Papo sério: O sexo na lei de Moisés" onde os argumentos basicamente são que os conceitos hoje universais e transculturais tem uma origem na antiguidade e especificamente em uma única cultura onde o incesto e qualquer tipo de sexo entre parentes não era desejável.
Recomendo a leitura, especialmente estudantes das áreas, que trabalhem com religião, comportamento, cultura, sociedade, etc ou ainda para quem quiser só se aprofundar. No caso dos g0ys (g-zero-ys) o texto que traz as supostas* Leis de Moisés, hoje considerado na comunidade judaica ortodoxa, tem um certo impacto, pois na origem das atuais e às vezes inconscientes "leis universais" do que é certo e errado em relação ao sexo - o sexo entre dois homens era considerado abominável, mas para surpresa de muitos o homo-erotismo não.
Recomendo a leitura, especialmente estudantes das áreas, que trabalhem com religião, comportamento, cultura, sociedade, etc ou ainda para quem quiser só se aprofundar. No caso dos g0ys (g-zero-ys) o texto que traz as supostas* Leis de Moisés, hoje considerado na comunidade judaica ortodoxa, tem um certo impacto, pois na origem das atuais e às vezes inconscientes "leis universais" do que é certo e errado em relação ao sexo - o sexo entre dois homens era considerado abominável, mas para surpresa de muitos o homo-erotismo não.
*Supostas pois não exatamente as leis são bíblicas. Por exemplo a lei 352-"não veja a nudez do seu tio, ou não interaja eroticamente com o irmão do seu pai", não consta no livro de Levíticos.
VAMOS À QUESTÃO DO ANTROPÓLOGO:
"Sou antropólogo e nesse texto tocou-se em duas questões muito interessantes. Nós antropólogos conhecemos muito da cultura judaica de uma forma indireta, um dos responsáveis por isso é Sigmund Freud, judeu e pai da psicanálise. Com esse seu texto relatando as leis judaicas, isto é, leis mosaicas em relação ao sexo fechou o circuito e as peças que faltavam no meu mapa cognitivo. Sim faz sentido a pedofilia não estar na lista, faz sentido Freud falar de sexualidade infantil de uma forma tão polêmica e do desenvolvimento psíquico. Freud nasceu judeu e morreu judeu e a sua teoria não afrontava o judaísmo (por quê?) e vi que no jogo da visão de mundo, nota-se que quase todas as origens das neuroses, psicoses e patologias gerais, seriam uma pulsão para uma quebra das leis, ora o que é a metáfora do Complexo de Édipo, que é central na psicanálise, o desejo sexual do menino sobre a mãe, isso é bater de frente com a Ló Tassê 330, a primeira das leis citadas na lista e que se for mal resolvido pelo acima do eu, que chamamos de superego, ao longo do desenvolvimento se traduz em um adulto com problemas psíquicos graves.
Um outro judeu famoso e que alguns universitários querem afirmar que era ateu, é o nosso tão conhecido e comentado Albert Einstein, ora isso é tão sem nexo, que seria como afirmar que alguém é um ladrão-honesto, ou um evangélico que não fala em Jesus, ou quem sabe uma conjunção onde haveria o noite-dia simultâneo. A visão é que parece que o considerado top cientista do mundo não poderia ter sido um religioso, ora era sim. A ciência positivista nada mais é que a supremacia da razão e do método.
A ciência deve ser laica, o cientista não necessariamente, muitos não entendem isso. Você [no texto] generaliza a questão indígena, mesmo sendo um universo enorme em que cada tribo tem a sua cultura própria e por isso há dezenas de visões diferentes sobre o sexo.
Por exemplo conheci uma que não possui o conceito de casal, os parceiros são escolhidos pelas fêmeas no dia que elas desejam se aproximar e seus filhos são criados nãos pelos pais, mas pela tribo como um todo, em um conselho de fêmeas, algo muito parecido com um creche coletiva, onde ficam todas as mulheres da tribo cuidando das crianças o tempo todo.
Mas, lógico a noção de parentesco nesse caso, fica efêmero. Veja bem, os índios não cumprem essas leis no sentido de que não se deve transar com pessoas da família, e nem poderiam, pois todos eles são primos e não haveria a possibilidade quantitativa de ser diferente, pois são pequenas comunidades humanas. Então realmente não é fácil essa questão, ela é cruel e que é de grande sofrimento. Não é uma situação tranquila, envolve sim muito sofrimento. É muito grande o nascimento de bebês indígenas deficientes, não é algo tranquilo, é algo que fica em 30% e às vezes chega até 50% dos nascimentos. As tribos não tem condições de manter vivos uma quantidade tão grande de pessoas que não trabalhariam, e por isso então matam-se todos os recém-nascidos deficientes, mesmo sendo um ato corriqueiro, é traumatizante para todos e para a mãe principalmente, que tem que se livrar da sua prole as vezes com poucas horas de vida."
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Resposta ao antropólogo e sua intervenção muito boa:
- Paulo Aguiar tem razão em tudo que fala, a ciência e religião possui esse embate milenar, mas é preciso separar o que a ciência de quem a produz - os cientistas, da mesma forma que é necessário abstrair que o conceito de Deus, vai muito além das religiões, que são apenas visões filosóficas e/ou teológicas humanas.
Cada religião possui seu sistema de dogmas que em seu conjunto buscam fornecer interpretações a fenômenos físicos quanto a não físicos. Vários cientistas tem a imagens vinculadas a "agnósticos e ateus", mas muitos não foram; talvez hoje a visão de São Tomé - típica de vários cientistas, esteja sendo (re)apropriada indevidamente pelos pró-agnosticismo, nessa lista de pseudos ateus acrescentaria um famoso cientista social, 'endeusado" pelo pessoal de esquerda; Karl Marx também não era ateu, era judeu.
Sobre a questão indígena, na verdade não houve generalização, houve apenas uma afirmação, confirmada pela sua fala, o problema da consanguinidade é de fato sério. Mostra que ao contrário de diversas espécies de animais onde isso não existe, nós humanos temos algo que nosso, é próprio - e ainda não explicado pela ciência; e a humanidade até evoluir e incorporar esses "comportamentos sexuais" nas nossas mais diversas culturas e transformá-la em valores sociais, foi um caminho longo, duro e penoso, em que gerações e gerações foram necessárias para esse aprendizado.
Então, isso reforça a ideia que esses valores tem de fato uma origem no período do Exôdo, tal como citado, e nossos indígenas não as seguem, não apenas pela questão quantitativa - que é uma questão objetiva; mas muitas vezes não seguem por não terem tido contato com outras civilizações que aprenderam como evitar esse grande contingente de nascimento de deficientes; caso eles o tivessem copiado de outras culturas, poderiam por exemplo estimular o casamento entre tribos, ou até mesmo o sexo casual com "estrangeiros" com a intenção de "capturar o seu DNA", vide a cultura dos esquimós, que são indígenas que vivem em situações remotas, entretanto incorporaram esses valores na sua vida e comportamento sexual.